Os bandidos encurralados no conjunto de favelas do Alemão, no Rio, estão perdendo o prazo dado pela PM para se entregar. Tropas da polícia militar e das forças armadas, apoiadas por equipamentos pesados de guerra, estão prontas para ocupar uma das maiores e mais violentas favelas da cidade.

A repórter Lilia Teles falou, ao vivo, do ponto marcado pela polícia para a rendição dos criminosos.

Esse, desde o começo da operação, é o dia mais tenso de todos. A equipe se encontrava exatamente no ponto marcado pela polícia para que os bandidos se rendessem. Então, havia uma grande movimentação o tempo todo no local. Carros blindados do Exército e viaturas da polícia se concentram a depois saem correndo para subir o morro.

A polícia orientou, inclusive, que a equipe não passasse muito daquele ponto para que não se tornasse vulnerável, porque os traficantes ficam no alto da rua e de lá eles têm uma visão privilegiada, colocando-os em risco.

No ponto foi escolhido, a polícia se concentra e faz um quartel general. Durante a tarde, houve uma grande concentração no loção. Foi visto, inclusive, um carro blindado do Exército já dentro do morro do Alemão que foi dar apoio aos policiais durante um tiroteio. Houve um intenso tiroteio durante a tarde.

O ponto foi escolhido pela polícia para ser o quartel general e também para que os bandidos se rendessem, mas até às 20h15, nenhum deles se entregou. Todos os detidos que saíram do local em dois micro-ônibus eram pessoas suspeitas de envolvimento com o crime. Todo mundo que passa pelo local é revistado e, se suspeitam de envolvimento com o crime, é conduzido para a delegacia.

Balas traçantes partiam da favela do Alemão em direção às policiais militares que patrulhavam os acessos à comunidade. A madrugada foi tensa: suspeitos eram revistados e as ruas estavam desertas.

Quando amanheceu, os traficantes voltaram a atirar. Comerciantes não conseguiram abrir os bares. Soldados do Exército revidaram.

O cenário de uma guerra prestes a começar fez muitos moradores deixarem as casas. Ao longo do dia, famílias inteiras passavam com mochilas e sacolas, carregavam o que podiam.

Todo mundo que descia do morro, passava por uma revista. Quem fica, acompanha das janelas, ou de perto, com pedidos que se repetem: paz.

Na Vila Cruzeiro, ocupada pela polícia na quinta-feira, o clima é diferente. Moradores tentam retomar a rotina. “Por enquanto está bom. É normal, vamos ver se continua assim”.

Ônibus circulando e comércio aberto, um contraste com as ruas vazias do Morro do Alemão.

De manhã, dois homens foram presos. À tarde, vários suspeitos foram detidos quando tentavam sair da favela do Alemão.

O Exército apreendeu uma mochila com US$ 30 mil, com uma criança que deixava a favela.

O comandante da Polícia Militar Mário Sérgio Duarte deu um ultimato aos bandidos escondidos no Alemão: “Nós estamos com tudo pronto para fazer o resgate daquele território, por isso, estamos ordenando aos criminosos que se entreguem enquanto é tempo. Os criminosos que quiserem se entregar que levantem suas armas. Nós os estaremos esperando na Rua Joaquim de Queiroz para encaminhá-los ao cárcere, depois que a polícia entrar, a situação será muito difícil”, declarou.

O ponto marcado para a rendição dos criminosos é Estrada do Itaraté, esquina com a Rua Joaquim Queiroz. Lá a Polícia Militar montou uma espécie de base. Dois micro-ônibus ficam à disposição dos bandidos que se renderem até delegacia.

Três criminosos se entregaram, mas não no ponto de rendição. Um segurança do chefe do tráfico no Alemão foi preso.

Um dos bandidos que se entregaram, era conhecido como Mister M. Ele foi levado pela mãe à polícia: “Falei: ‘Diego vamos com mamãe para casa. Ele disse: ‘Não, mãe. Se ficar em casa, eles vão lá me prender. Então você vai comigo e seu irmão, que eu vou te apresentar na delegacia”, relatou ela.

Pouco depois, os tiros recomeçaram. Há muitos jornalistas no local. Todo mundo se abaixou. Momento de bastante tensão.

No rosto dos moradores que deixaram a região, desespero e medo.